22 mar

Postado por Camilo Cavalcanti Jr. em Renda Fixa | Comentários (2.839)

E a taxa Selic chegou a um dígito… Como isso impacta o investidor?

Há duas semanas, o COPOM (Comitê de Política Monetária, do Banco Central do Brasil) decidiu em sua reunião que ocorre a cada 45 dias, reduzir a taxa Selic de 10,50% ao ano, para 9,75% ao ano.

Em tempo, a taxa SELIC é a taxa básica de juros do Brasil, e é usada como referência para outras taxas, como empréstimos, financiamentos, crediários, etc.

Na ata da reunião anterior, realizada em janeiro, o Copom já atribuía “elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito”. E hoje esse cenário já é realidade.

Assim, o Brasil vê pela segunda vez a taxa Selic chegar abaixo de 10% ao ano. O que, por si só não significa muita coisa, apenas a ultrapassagem de uma marca simbólica, lembrança de que aqui é praticada uma das maiores taxas de juros do mundo.

E já foi muito maior: em março de 1999, a Selic chegou a incríveis 45% ao ano! Então chegar a um patamar abaixo de 10% ao ano é uma vitória? Sim, não dá pra negar.

Mas por que isso não foi feito antes, já que ao baixar a taxa básica de juros do país, o crédito fica mais barato tanto para pessoas (consumo) quanto para empresas (investimento e produção), e o país só se beneficia com isso?

Bom, a verdade é que não há só benefícios, mas um problema sobre o qual os mais antigos tremem ao ouvir seu nome: inflação. Com o aquecimento da economia, os preços sobem. E controlar estes preços para ter uma boa previsibilidade da inflação é a missão do Banco Central.

E é também o grande paradoxo do Banco Central: ao diminuir muito os juros, as pessoas tomam mais empréstimos, e compram mais, fazendo com que os preços subam (alta da inflação). O que leva o BC a subir os juros, para que as pessoas comprem menos e poupem mais, fazendo com que os preços da economia caiam (queda da inflação).

Por isso falamos de meta de inflação: o Banco Central dá ou tira estímulos da economia de acordo com as expectativas de inflação futura, de modo que a inflação termine cada ano dentro de uma meta. Hoje esta meta de inflação é de 4,5% ao ano, com uma banda de segurança de 2% para mais ou para menos.

Diferentemente da época em que os juros eram 45%, hoje a inflação é controlada. E por maiores que sejam nossos temores com cada atitude do Banco Central que surpreende os analistas do mercado, essa previsibilidade maior da inflação deve ser comemorada, e os responsáveis por terem mantido este sistema, que existe desde 1998, parabenizados.

Para nós investidores, prever a inflação faz total diferença. E juros em um dígito, também: com os juros cada vez menores, e expectativas de mais quedas, os investimentos em renda fixa (principalmente os pós-fixados) se tornam cada vez menos atraentes. Pois sabemos que tais investimentos serão remunerados a taxas cada vez menores, conforme o BC diminua a SELIC.

Os investimentos prefixados podem ainda ser interessantes pelo fato de que podemos estar nos últimos momentos em que algumas taxas de juros mais longas ainda estão acima de um dígito. Assim, mais uma vez, se a expectativa é de queda das taxas de juros, é hora de aproveitar estas taxas que ainda estão altas.

Por incrível que pareça, até a poupança passa a ser atrativa: ela tem como retorno pouco mais de 6% ao ano. E é isenta de IR. Com a contínua queda da taxa básica da economia, podemos chegar a um ponto em que receber 6% livre de impostos seja uma opção bastante interessante. Por isso temos ouvido nas últimas semanas, o noticiário dizendo que o governo estuda alterações na remuneração da poupança para novos impostos: assim o Tesouro Nacional ainda conseguiria se financiar vendendo títulos públicos, que continuariam mais atrativos que a poupança assim que sua remuneração mudasse para baixo.

Mas mais interessante pode ser o investimento em títulos indexados a índices de preços. Títulos que pagam, por exemplo, IPCA+5,5% ou IGP-M+6%, ou qualquer outra coisa assim. Pois estes títulos garantem o poder de compra de seus detentores, tendoganhosgarantidos SEMPRE acima da inflação.

E com a queda da taxa de juros para um dígito, podemos esperar que a inflação se situe na banda de cima da meta de inflação (entre 4,5% e 6,5%), já que isso com certeza vai ajudar no aquecimento e recuperação da nossa economia.

Vale lembrar ainda que, com a renda fixa trazendo ganhos cada vez menores, é correto procurar novas alternativas de investimento (ações, fundos imobiliários ou de direitos creditórios, títulos privados, etc.). Apenas não podemos nos esquecer dos riscos diferenciados incorridos em cada tipo de aplicação. E por menores que sejam os retornos, a renda fixa tem maior previsibilidade e em geral, é onde deve ser alocada boa parte dos seus recursos.

De resto, boa sorte em seus investimentos.

Até o próximo post.

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Comentários

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