O que influencia o valor de Títulos de Renda Fixa?

Aliás, a pergunta pode ser até ampliada, não? O que influencia o valor de uma ação, de uma moeda, ou de qualquer instrumento financeiro?

Porque observamos que todo instrumento financeiro muda de preço o dia inteiro, todos os dias. Mas por quê? Como?

Para começar, o mundo não pára. Todos os dias temos notícias novas por parte de governos, reguladores, setores, indústrias, comércio, bancos centrais, decisões de investimento ou desinvestimento, aumento de produção, preços, inflação, e uma lista infindável de fatores que impactam todo tipo de preços. Em maior ou menor grau, todos estes fatores estão conectados.

No Tesouro Direto temos acesso aos títulos de Renda Fixa emitidos pelo Tesouro Nacional brasileiro. Desta maneira, é de se esperar que fatos que impactem o nosso país também influenciarão os títulos por ele emitidos. Mas que tipo de fatos são esses?

Bom, os mais básicos são os dados sobre inflação, crescimento (PIB), produção industrial, vendas no varejo e a questão fiscal do país, que mostra se o Brasil tem condições ou não de arcar com todas as despesas previstas, além de pagar a dívida que tem com os investidores (que no caso somos nós!).

Desoneração dos Itens da Cesta Básica

Para se ter idéia de como isso não é simples, as desonerações que o Governo tem feito para vários setores da indústria ultimamente (IPI reduzido para automóveis e linha branca, desoneração na folha de pagamento de diversos setores e nos preços de alimentos, só para citar alguns), tiveram impacto direto principalmente em duas variáveis: inflação corrente e orçamento. Por um lado, conseguiu fazer com que os preços a que os consumidores tem acesso na economia sejam menores (inflação em queda), e por outro, abdicou de receber diversas receitas com a arrecadação destes impostos que foram reduzidos ou excluídos (deixou o orçamento mais apertado).

E qual a relação de tudo isso com os títulos? Um princípio básico da economia diz que, quanto menor a inflação, menores podem ser os juros. Desta maneira o consumo e o investimento são estimulados, e isso teoricamente trará mais crescimento para o país. Até chegar a um momento em que isto saia um pouco de controle e a inflação cresça mais que o esperado, já que a demanda foi estimulada pelos juros baixos. Então, para controlar a inflação alta, a medida mais comum é o aumento da taxa básica de juros no país, o que estimula a poupança, e faz com que as pessoas consumam menos e empresas invistam menos… e o ciclo continua!

Mas estes ciclos não são facilmente previsíveis. Como eu disse no começo do texto, o mundo não pára. E tem impacto grande aqui. Por exemplo, na semana passada o Banco Central do Japão (!!!) decidiu aumentar um programa de compra de títulos que ele já possuía para injetar mais dinheiro na economia e estimular as pessoas por lá a consumirem mais. Mas como a globalização faz com que todos os países estejam conectados, e como esse aumento do programa foi de uma ordem gigantesca, as taxas de juros negociadas nos principais mercados do mundo apresentaram uma queda bastante representativa!

Exemplo: na semana passada, o Japão influenciou o mundo todo!

De certa maneira, o Japão achou um jeito de mandar mais dinheiro pro mundo todo. Assim como já fizeram os EUA, a Inglaterra, e a Zona do Euro. É claro que o Brasil é influenciado por estas medidas, e teoricamente, mais dinheiro ingressa no Brasil, que tem taxas de juros muito atrativas. Teoricamente (mais uma vez), muito dinheiro entrando aqui faz a nossa moeda se valorizar com relação a outras, nossos títulos se valorizarem também (taxas caírem), e também faz os investidores nacionais venderem seus títulos e ficar com dinheiro na mão. E aí, com dinheiro na mão, o q fazemos? Compramos mais.

Ou seja, por uma medida lá no Japão (assim como as dos outros países citados), vamos ter mais inflação por aqui em algum momento!

Isso tudo foi pra mostrar que não são poucos os fatores que influenciam o preço de nossos títulos. E todos os dias existem notícias, de maior ou menor impacto, que agem sobre a nossa economia. Seja uma nota de rodapé em um jornal ou blog, sejam medidas políticas ou intenção do governo em tomar uma ou outra atitude, sejam dados de crescimento e renda nos EUA ou na China, ou qualquer outro país. Está tudo conectado.

Por isso, um pouco de informação no momento de decidirmos nossos investimentos só tende a ajudar. Ler um jornal, um blog (como o QI Financeiro, por exemplo, com textos sobre Cenário Econômico Nacional e Internacional, Renda Fixa, Renda Variável, Análise Técnica, Educação Financeira, Dívidas, Planejamento Tributário, Finanças para Mulheres e Qualidade de Vida), ou outros sistemas de notícias é bastante importante para encontrar diversas informações centralizadas, de modo que possa ser traçado um cenário para balizar as nossas decisões de investimentos.