17 jan

Postado por Camilo Cavalcanti Jr. em Renda Fixa | Comentários (2.965)

O que será da Renda Fixa em 2013?

Antes de mais nada, espero que todos tenham tido uma ótima passagem de ano. Imagino que tenham sido planejadas várias resoluções, projetos, promessas… E, com certeza, algo relacionado às suas economias. Seja fazer mais dinheiro (quem não quer isso?), seja cuidar melhor do que tem.

E quanto à parcela destinada à Renda Fixa: o que fazer em 2013? Afinal, o cenário é de juros baixo (7,25% ao ano), que, segundo o Banco Central, deve manter-se estável por um prolongado período de tempo (está no comunicado das últimas reuniões do Copom). Será que este “prolongado período de tempo” significa “o ano de 2013”? Ao que parece, sim.

Então, sem mudanças na taxa Selic, não teremos desempenho dos títulos públicos tão bons como nos anos anteriores, principalmente os prefixados e indexados a índices de preços. O que vale também para os pós fixados, já que (de novo), a expectativa é que a Selic não mude no período.

Para se ter uma idéia, o índice IMA-B, que tem a composição igual à proporção dos títulos indexados ao IPCA (NTN-B) emitidos pelo Tesouro Nacional, teve rentabilidade de 16,88% em 2010, 15,17% em 2011 e incríveis 26,31% em 2012.

O IRF-M, cuja composição é de títulos prefixados (LTN e NTN-F), apresentou rentabilidade de 11,74% em 2010, 14,28% em 2011 e 14,18% em 2012.

Para efeito de comparação, o famigerado CDI obteve rendimentos de 9,75% em 2010, 11,59% em 2011 e 8,39% em 2012. Ou seja, ambos os índices aí de cima tiveram rentabilidade bem superior ao CDI no período (aqui cabe uma pergunta pra reflexão: porque costumamos comparar a rentabilidade de investimentos em renda fixa com o CDI? Falaremos disso num próximo texto).

E as rentabilidades expressivas do ano passado só aconteceram porque a Selic caiu mais do que o mercado esperava, além da inflação oficial de 2012 ter sido de 5,84%.

Assim, o que esperar deste ano?

Pergunta difícil, mas podemos colocar aqui alguns pontos a serem considerados:

1. Existe um princípio chamado de “Princípio da Não-Arbitragem”. Em resumo, ele diz que os preços dos ativos disponíveis no mercado devem possuir rentabilidade semelhante para que não haja a possibilidade de ganhos sem riscos (arbitragem). Não vou entrar muito no detalhe, mas a conclusão natural seria a de que os ativos devem ter rentabilidade próxima neste ano. Sejam os prefixados, pós-fixados ou indexados à inflação.

2. Por exemplo, fazendo contas básicas: vamos supor que o cupom de uma NTN-B com vencimento em 2014 esteja 1,21% ao ano. Significa que ao comprar este título, a rentabilidade esperada é de IPCA + 1,21% ao ano até o vencimento. A expectativa do IPCA para 2013, pela última pesquisa FOCUS do Banco Central, está em 5,53%. Desta maneira, podemos esperar uma rentabilidade aproximada de 6,74% ao ano para esta NTN-B até seu vencimento. Vale notar que a inflação “implícita” no mercado está mais alta que a da pesquisa FOCUS, um pouco abaixo de 6%, o que levaria a uma taxa esperada de aproximadamente 7,15% ao ano.

3. A meta da taxa Selic está em 7,25% ao ano, e é esperado que ela se mantenha assim por todo 2013. Logo, a rentabilidade deve ser aproximadamente 7,11% no ano (a Selic praticada diariamente é, em geral, inferior à meta definida pelo Banco Central. A taxa média desde que o Copom definiu a meta como 7,25%, foi de 7,11%. No texto sobre o CDI também abordarei este assunto).

4. Uma LTN com vencimento em janeiro de 2014 tem taxa prefixada de aproximadamente 7,11%.

Conclusões: os retornos esperados de todos os títulos são compatíveis. Mas isso não significa dizer que eles são iguais, afinal, cada um tem o seu risco (pré, pós ou indexado à inflação). E estamos nos baseando em um cenário em que existem diversas incertezas. Por exemplo: e se o Banco Central resolve aumentar os juros no fim do ano? A LFT teria sido a melhor escolha, e a LTN seria a pior. E se a inflação mostrar uma surpresa positiva, levando os índices de preços para níveis mais baixos? Provavelmente as NTN-Bs vão sofrer, enquanto a LTN pode ter um retorno acima da média.

E podemos pensar em diversos cenários em que um título se dá melhor que outro. Cabe a nós, gestores do nosso recurso, ponderarmos as chances de cada cenário ocorrer e fazer a alocação que nos parece mais sensata.

A única certeza que temos de 2013 é que não será um ano fácil, há muitos riscos envolvidos tanto no cenário interno como externo, e é a primeira vez que o Brasil se depara com taxas tão baixas por um período um tanto maior. É uma novidade pra todo mundo.

Desse jeito, para quem pretende comprar um título e aguardar o vencimento, não existem muitas diferenças: basta escolher o tipo de remuneração que mais lhe agrada.

Já para quem pretende ter uma atuação mais ativa, o momento de entrada e saída nos títulos deve fazer toda a diferença.

Por último, vale ressaltar que uma migração de um pouco dos seus ativos de renda fixa para outros com mais risco (ações, por exemplo), também parece uma boa alternativa para este ano, num cenário de juros bastante baixos. Não é necessário dizer, no entanto, que os riscos envolvidos são bem diferentes e devem ser levados em consideração.

Bom, pessoal, é isso o que dá pra dizer sobre 2013 neste momento. Espero que todos façam seus investimentos com cuidado, e, principalmente, sabendo dos riscos e das possibilidades que existem para cada um de seus ativos.

Saudações, e um ótimo 2013!

Camilo Cavalcanti Jr.

 

Mestrando em Economia na linha Finanças Quantitativas pela EESP-FGV, é gestor de fundos de investimento desde 2008 em um grande banco nacional. Formou-se no MBA em Derivativos e Mercado de Capitais da BM&FBovespa e em Licenciatura em Matemática pela USP, e escreve para a QI Financeiro desde janeiro de 2012.

 

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