13 dez

Postado por Camilo Cavalcanti Jr. em Renda Fixa | Comentários (3.020)

Tipos de Fundos de Renda Fixa: Longo Prazo

 

Voltando a falar sobre fundos de investimento, apresento a vocês os fundos de Longo Prazo.

Os fundos Longo Prazo, de uma maneira geral, podem investir em qualquer tipo de título, e o prazo médio da sua carteira deve ser maior que 365 dias. A tabela da alíquota de cobrança de imposto de renda incide sobre o prazo em que seu dinheiro é deixado no fundo:

Prazo da aplicação Alíquota de IR

Até 180 dias

22,50%

De 181 a 360 dias

20,00%

De 361 a 720 dias

17,50%

Acima de 720 dias

15,00%

E segundo a classificação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), os fundos Longo Prazo podem ser de vários tipos:

Fundo Referenciado: é o fundo que pretende buscar uma rentabilidade definida por um parâmetro de desempenho. Por exemplo, os famosos Fundos DI buscam entregar ao investidor a rentabilidade do CDI, ou seja, a variação das taxas de juros no mercado interbancário. Nestes fundos, a ideia principal é replicar uma carteira cujo resultado seja igual a seu parâmetro de referência.

A vantagem dos Fundos DI é a de obter retorno pós-fixado, atrelado à taxa de juros do país. Lembram um pouco os Fundos Curto Prazo que vimos no mês passado, mas sem as restrições de prazo dos títulos, e com a possibilidade de alocação em títulos de crédito privado.

Vocês já conhecem um pouco sobre títulos de crédito privado: CDB, Debêntures, Letras Hipotecárias (LH), Letras de Crédito Imobiliário (LCI), etc. São títulos emitidos por instituições (bancárias, no caso do CDB por exemplo, ou não, como as debêntures, que são emitidas por empresas) privadas, e que geram um risco a mais em comparação com títulos públicos: o risco da empresa quebrar. Por isso costumam ter rentabilidade mais atrativa.

Outros exemplos de benchmarks (ou referências) são os índices de mercado da ANBIMA (IMA), que nada mais são do que composições de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional, que representam a estrutura da dívida brasileira. Fundos que seguem este tipo de índice têm se tornado cada vez mais populares.

Entre estes índices da ANBIMA, temos os seguintes:

  • IRF-M (Índice de Renda Fixa – Mercado): é o índice que representa os títulos prefixados (LTN e NTN-F). Sua composição é exatamente igual à proporção dos títulos prefixados já emitidos pelo Tesouro Nacional. Também existem as variações IRF-M 1 (cuja composição só aceita títulos com vencimento em até um ano) e IRF-M 1+ (com títulos de prazo maior que 1 ano).
  • IMA-B (Índice de Mercado ANBIMA – B): é o índice que representa os títulos indexados à inflação – IPCA (NTN-B, lembram?). Possui as variações IMA-B 5 (composto por títulos com vencimento em até 5 anos) e IMA-B 5+ (com títulos de prazo maior que 5 anos).
  • IMA-S (Índice de Mercado ANBIMA – S): é o índice que representa os títulos referenciados à taxa Selic (LFT).
  • IMA-C (Índice de Mercado ANBIMA – C): representa os títulos indexados ao IGP-M. No entanto, estes títulos já não têm sido emitidos pelo Tesouro Nacional há vários anos, e sua liquidez é bastante reduzida.
  • IMA-Geral: como o próprio nome diz, é composto por todos os outros índices, e reproduz o perfil da dívida brasileira. É comum encontrar fundos que seguem o IMA-Geral ex-C, que retira da composição os títulos ligados ao IGP-M, conforme dito acima.

Mais informações sobre esses índices podem ser encontradas no site da ANBIMA.

Fundo de Renda Fixa: é o fundo que tem a obrigatoriedade de ter no mínimo 80% do seu patrimônio investido em títulos (públicos ou privados) de renda fixa. Em geral, quando vamos consultar os fundos em alguma instituição, encontramos expressões como “Fundo de Investimento blábláblá Renda Fixa Longo Prazo”, que indica que é um fundo de longo prazo e segue as restrições de um fundo de renda fixa. Aqui o escopo é grande: existem inúmeros fundos de renda fixa distintos, que podem se focar em títulos prefixados, pós-fixados, indexados à inflação ou mistos, ou que especificam determinados tipos de estratégia… enfim, a criatividade é o limite.

Fundo Multimercado: possui política de investimento que envolve vários fatores de risco além dos de renda fixa, como por exemplo ações, moedas, etc. Em geral são fundos que buscam rentabilidade maior que os tradicionais de renda fixa, assumindo maior risco também.

Depois, existem também os Fundos de Ações, Fundos Cambiais e Fundos de Dívida Externa, que já fogem um pouco do assunto Renda Fixa. E para todos os que já falamos, ainda existe a denominação Crédito Privado: quando existe essa denominação, o fundo pode investir até 100% dos seus recursos em títulos de risco privado (CDB, Letras Financeiras, debêntures, etc.).

Ainda vale dizer que cada fundo tem uma determinada carência para o resgate. Há fundos multimercado que entregam o dinheiro somente em D+30! Enquanto isso, os fundos Curto Prazo em geral pagam o resgate em D+0.

Bom, pessoal, esses são os principais tipos de fundos. A ANBIMA também faz uma classificação, um pouco mais detalhada que a CVM, em que separa os diversos tipos de fundos por sua estratégia. O mesmo fazem as revistas especializadas (Exame, Investidor Institucional, Valor Investe, entre outras). Por isso preferi utilizar aqui a classificação da CVM.

No próximo texto, continuaremos abordando os fundos de investimento.

Saudações,

Camilo Cavalcanti Jr.Mestrando em Economia na linha Finanças Quantitativas pela EESP-FGV, é gestor de fundos de investimento desde 2008 em um grande banco nacional. Formou-se no MBA de Derivativos e Mercado de Capitais da BM&FBovespa e em Licenciatura em Matemática pela USP, e escreve para a QI Financeiro desde janeiro de 2012

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